domingo, 28 de outubro de 2007

EPIC 2014 - ver filme

Friso Cronológico EPIC - 2014

Tradução do filme EPIC-2014

É O MELHOR DOS TEMPOS, É O PIOR DOS TEMPOS.
- de Robin Sloan

No ano 2014 as pessoas têm acesso a uma variedade e profundidade de informações que seriam inimagináveis em épocas passadas.
Todos contribuem de alguma maneira.
Todos participam para criar um mundo de mídia vivo e pulsante. No entanto, a Imprensa, como você a conhece, deixou de existir. As fortunas do Quarto Poder se foram. As empresas de notícias do Século XX mudaram muito, uma reminiscência solitária de um passado não tão distante.
A estrada para 2014 começou em meados do Século XX.


Em 1989, Tim Berners-Lee, um cientista de computação do laboratório de física de partículas CERN, na Suíça, inventou a World Wide Web.


1994 vê a fundação da Amazon.com. Seu jovem criador sonha com uma loja que vende de tudo. O modelo da Amazon, que viria depois a estabelecer o padrão para vendas pela Internet, é baseado em recomendações personalizadas automáticas – uma loja que pode oferecer sugestões.


Em 1998, dois programadores de Stanford criam o Google. O seu algoritmo é um eco da linguagem da Amazon, tratando links como recomendações e, a partir deste fundamento, impulsiona a mais efectiva máquina de busca do mundo.


Em 1999, TiVo transforma a televisão libertando-a das restrições do tempo – e dos comerciais. Quase ninguém que experimenta volta atrás.
Naquele ano, uma empresa “dot-com” iniciante chamada Pyra Labs lança o Blogger, uma ferramenta pessoal de publicação.


Friendster é lançado em 2002 e centenas de milhares de jovens avançam para povoá-lo com mapas incrivelmente detalhados das suas vidas, dos seus interesses e das suas redes sociais. Também em 2002, o Google lança o Google News, um portal de notícias. As redes de notícias reclamam. Google News é editado inteiramente por computadores.
Em 2003, Google compra o Blogger. Os planos da Google são um mistério, mas o seu interesse pelo Blogger não é sem razão.


2003 é o Ano do Blog.


2004 seria lembrado como o ano em que tudo começou.
A Revista Reason envia aos seus assinantes um exemplar que traz na capa uma foto-satélite das suas casas, contendo informações personalizadas direccionadas para cada assinante.
A Sony e a Phillips lançam o primeiro jornal electrónico do mundo produzido em larga escala.
O Google lança o Gmail, com um Gigabyte de espaço gratuito para cada utilizador.
A Microsoft lança o Newsbot, um filtro de notícias sociais.
A Amazon lança o A9, uma máquina de busca baseada em tecnologia Google que também incorpora as recomendações da Amazon, a sua marca registrada.
E então, o Google lançaas suas acções na bolsa.
Com novo capital sobrando, a companhia faz uma grande aquisição. O Google compra a TiVo.


2005 – Em resposta aos recentes lances do Google, a Microsoft compra a Friendster.


2006 – O Google combina todos os seus serviços – TiVo, Blogger, Google News e todas as suas buscas em algo chamado Google Grid, uma plataforma universal que oferece uma quantidade funcionalmente ilimitada de espaço para armazenamento e largura de banda, para compartilhar e armazenar mídias de todo tipo. Sempre online, acessível de qualquer lugar. Cada utilizador selecciona o seu próprio nível de privacidade, podendo armazenar o seu conteúdo com segurança no Google Grid, ou publicá-lo para que todos o vejam. Nunca foi tão fácil para qualquer um, para todos, criar e consumir mídia.


2007 – A Microsoft responde ao crescente desafio do Google com o Newsbotster, uma rede de notícias sociais e uma plataforma de jornalismo participativo. Newsbotster gradua e ordena notícias, baseado no que estão lendo e vendo os amigos e colegas de cada utilizador, permitindo que todos comentem sobre o que vêem.
O ePaper da Sony é mais barato do que o papel real neste ano. É o meio escolhido para o Newsbotster.


2008 vê surgir a aliança que desafiará as ambições da Microsoft. O Google e a Amazon juntam forças para formar a Googlezon. O Google fornece o Google Grid aliado a uma tecnologia de busca insuperável. A Amazon fornece a máquina de recomendações sociais e sua gigantesca infra-estrutura comercial. Juntos, eles utilizam os conhecimentos detalhados sobre a rede social de cada utilizador, dados demográficos, interesses e hábitos de consumo para prover uma personalização total de conteúdo e de propagandas.


A Guerra das Notícias de 2010 é particularmente notável, pois nenhuma rede de notícias dela participa.
Googlezon finalmente dá um xeque-mate na Microsoft, oferecendo facilidades que a gigante do software não pode igualar. Utilizando um novo algoritmo, os computadores da Googlezon constroem novas matérias e artigos dinamicamente, pinçando sentenças e factos de todas as fontes de conteúdo e recombinando-as. O computador escreve um novo texto para cada utilizador.


Em 2011, o dormente Quarto Poder desperta para tomar uma drástica decisão. A empresa The New York Times processa judicialmente a Google, alegando que os robôs capturadores de factos da companhia são uma violação à lei de direitos de autor. O caso vai até ao Supreme Court que, em 4 de Agosto de 2011 dá ganho de causa à Googlezon.


No domingo, 9 de março de 2014, a Googlezon lança o EPIC.
Bem-vindo ao nosso mundo.
EPIC são as iniciais de “Evolving Personalized Information Construct”, um sistema pelo qual nosso vasto e caótico universo de mídia éfiltrado, ordenado e transmitido. Todos contribuem agora – desde entradas de blog, até imagens de câmeras de telefones, passando por reportagens em vídeo e investigações completas. Muitas pessoas são pagas também – uma pequena fatia do imenso facturação da Googlezon, proporcional à popularidade das contribuições de cada um.
O EPIC produz um pacote de conteúdo personalizado para cada utilizador, utilizando suas escolhas, seus hábitos de consumo, seus interesses, seus dados demográficos, sua rede social – para moldar o produto.
Surge uma nova geração de editores-freelance, pessoas que vendem sua habilidade de se conectar, filtrar e priorizar o conteúdo do EPIC.
Todos nós recebemos conteúdo de vários editores; EPIC nos permite mesclar e comparar suas escolhas sejam elas quais forem. Na melhor das hipóteses, editado para os leitores mais capacitados, EPIC é um resumo do mundo – mais profundo, mais amplo e com mais nuances do que qualquer coisa antes disponível.
Mas na pior das hipóteses, e para muita gente, o EPIC é meramente uma colecção de curiosidades, na sua maioria não verídica, um conjunto de informações estreito, superficial e sensacionalista. Mas EPIC é o que queríamos, é o que escolhemos. E o seu sucesso comercial abafou quaisquer discussões sobre mídia e democracia, ou ética jornalística. Hoje, em 2014, The New York Times deixou de estar online, num débil protesto contra a hegemonia da Googlezon, o Times tornou-se num jornal exclusivamente impresso destinado apenas às elites e aos mais velhos. Mas talvez houvesse outro jeito…